terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Le Cinema Absolue

 "Pop Art em movimento".

A sequência inicial é uma collage à la Stan Brakhage (e essa é a influência que eu conheço mais, a sequência passa tão rápido que quase não temos tempo para compreender que espécie de génio em àcidos a concebeu) sobre música de Beck. Nos primeiros minutos temos instruções claras que Edgar Wright quer mostrar-nos mais cinema mais do que de lógica ou progressão narrativa. Para uma análise da sequência de abertura e um vídeo HD, junto com uma entrevista com os seus criadores aponto o excelente website - Art of the Title Sequence "Scott Pilgrim vs. The World"











Os sintomas da loucura começam logo com a primeira imagem com um logo da Universal convertido em 8-bit. A conversa inicial parece-me normal, filmada em master shot\close-ups, e é aqui que Wright parece falhar mais no seu o objectivo, stressado numa das entrevistas que li:

I wanted to give you the feel of a comic book, where every shot feels meant. Artists spend a long time drawing a frame or a panel; what they don't do is coverage. You see a lot of action films or comedies that are just wide-shot, mid-shot, close. What I tried to do, and we failed a couple of times, but what I said to Bill Pope was, "Every cut is a new shot." 


Wright podia aprender de Von Trier e abdicar do match-on-action. Mas olhem para aquela distorção de perspectiva (o sofá parece agora estar a 20 metros da banda) logo antes dos créditos, uma coisa que estamos mais habituados a ver em animação. Ou olhem para:

O frame a esticar e a encolher.











A ultradistorção de perspectiva.



A montagem rítmica.

























Os elementos gráficos a tremer ao ritmo da música.





















HOLY SHIT!!!











Scott Pilgrim vs. The World não é original. Aquela cabeça vem de Metropolis de Fritz Lang. Mas também passa para um match cut.












Scott Pilgrim vs The World é Cinema Absoluto(c). Os sons de videojogos e a animação juntam-se para nos dar a impressão de que nada neste mundo é real e isso é exactamente a razão porque devíamos ir ver filmes de fantasia. Um filme de fantasia não tem nada para nos ensinar sobre o mundo real, e as queixas de que o filme é superficial assenta na premissa de que um filme de fantasia pode ser alguma coisa senão superficial.